quarta-feira, 18 de junho de 2014


DESPEDIDA -  por Martha Medeiros

Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente,
seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro,
com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva,
já que ainda estamos tão embrulhados na dor
que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços,
a dor de virar desimportante para o ser amado.
Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida:
a dor de abandonar o amor que sentíamos.
A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre,
sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou.
Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir,
lembrança de uma época bonita que foi vivida…
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual
a gente se apega. Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis,
mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo,
que de certa maneira entranhou-se na gente,
e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível.
Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’
propriamente dita. É uma dor que nos confunde.
Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos
deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por
ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos,
que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.
É o arremate de uma história que terminou,
externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa também sair de dentro da gente…
E só então a gente poderá amar, de novo.

domingo, 1 de junho de 2014

Início




Há dentro de mim dois lados...
E eu me entrego, de acordo com o que recebo de fora...
Não me venha pedir para beijar sua face ao receber pedras que machucam o meu coração.
Posso até perdoar algum dia, mas não espere de mim, a inércia de um ser humano vazio de sentimentos...
Eu vou reagir a qualquer tipo de invasão que adoeça meu espírito,
nem que seja através de um olhar e um infinito silêncio ...

Carla Véras


Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E serei para ti única no mundo.

(Antoine de Saint-Exupéry)






Lenda Sioux da Águia e do Falcão! 



Conta uma velha lenda dos índios Sioux, que uma vez,
Touro Bravo,o mais valente e honrado
de todos os jovens guerreiros,
e Nuvem Azul, a filha do cacique,
uma das mais formosas mulheres da tribo,
chegaram de mãos dadas, 
até a tenda do velho feiticeiro da tribo ... 
- Nós nos amamos... e vamos nos casar - disse o jovem.
- E nos amamos tanto que queremos um feitiço,
um conselho, ou um talismã... 
alguma coisa que nos garanta que poderemos 
ficar sempre juntos... que nos assegure que estaremos
um ao lado do outro até encontrarmos a morte. 
Há algo que possamos fazer?
E o velho emocionado ao vê-los tão jovens,
tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:
- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil 
e sacrificada...
Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia,
e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão 
mais vigoroso do monte e traze-lo aqui com vida,
até o terceiro dia depois da lua cheia. 
E tu, Touro Bravo - continuou o feiticeiro -
deves escalar a montanha do trono, e lá em cima,
encontrarás a mais brava de todas as águias, 
e somente com as tuas mãos e uma rede, 
deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva! 
Os jovens abraçaram-se com ternura,
e logo partiram para cumprir a missão recomendada...
no dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro,
os dois esperavam com as aves dentro de um saco. 


O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos...
e viu eram verdadeiramente formosos exemplares...
- E agora o que faremos? - perguntou o jovem -
as matamos e depois bebemos a honra de seu sangue? 
Ou cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? -propôs a jovem.
- Não! - disse o feiticeiro, apanhem as aves, 
e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro... 
quando as tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres...
O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado,
e soltaram os pássaros... a águia e o falcão,
tentaram voar mas apenas conseguiram saltar pelo terreno.
Minutos depois, irritadas pela incapacidade do voo,
as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar.
E o velho disse: Jamais esqueçam o que estão vendo...
este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão...
se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor,
não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde,
começarão a machucar-se um ao outro...
Se quiserem que o amor entre vocês perdure...
"Voem juntos mas jamais amarrados". 


Amigos...

"Amigos não são imposições da vida... São escolhas do coração. São almas companheiras, são anjos que nos ajudam a evoluir, são seres protetores, são irmãos para a eternidade. No olhar de um amigo sincero vemos refletida a imagem de nossa própria alma."
Nicoli Miranda



FRUTO MADURO





FRUTO MADURO

O tempo é um pêndulo de dois gumes.
Amadurece nossa alma, deixa-nos doces, belos, tenros. 
Quando estamos em pleno gozo da maturidade e chegam os tempos da colheita, implacável, ele nos separa do tronco da raiz, da seiva. 
Nascer é iniciar o caminho da morte.

Oswaldo Antônio Begiato